Felicidade e bem-estar no centro da estratégia de negócios

Artigo de Miguel Nisembaum sobre como frentes de estudo conectadas à academia e aos negócios vem desenhando e implementando abordagens muito bem fundamentadas e efetivas para reformular a maneira como estamos trabalhando.

Falar de felicidade e bem-estar no trabalho segue sendo um grande Tabu ainda que o tema comece aparecer com mais frequência na mídia e nas redes sociais. O ceticismo e desconfiança frente a um tema tão importante é até compreensível de alguma forma diante do momento complexo e desafiador que o mundo vive. O bombardeio de frases e palestras motivacionais vazias e até daquilo que chamamos de Positividade Tóxica – inibir ou suprimir as emoções negativas próprias ou dos outros – gera até um efeito contrário comprometendo nossa saúde mental, e não contribui para uma conversa séria sobre felicidade no trabalho.

O que quero comentar neste artigo é como frentes de estudo conectadas à academia e aos negócios vem desenhando e implementando abordagens muito bem fundamentadas e efetivas para reformular a maneira como estamos trabalhando.

O mais interessante é que temos dados consistentes vindo de campos diferentes desde a Psicologia Positiva, Neurociência, Economia ou Administração, por exemplo, confirmando que uma abordagem mais humana de gestão contribui para o bem-estar e manifestação do potencial pleno das pessoas e para o sucesso sustentável dos negócios.

Penn State University, Harvard, MIT, Michigan Business School, Yale, Tecnológico de Monterey, ONU e Gallup, entre outras instituições, têm gerado um volume de dados impressionantes com base global.

Eu costumo dizer que bem-estar no trabalho hoje é semelhante à agenda de mudanças climáticas, temos os dados, temos soluções, o que ainda falta é coragem.

O bem-estar dos colaboradores é um dos principais pontos de preocupação das áreas de Recursos Humanos até 2025 segundo pesquisa da Top Strategic Priorities For 2021 FUTURE WORKPLACE. Este tema também deveria ser uma das principais preocupações de líderes e acionistas das empresas.

A pesquisa State of the Global Workplace feita pela Gallup revela que apenas 20% dos colaboradores estão engajados com o trabalho e o Brasil está em oitavo lugar nos países da região.

Outro ponto importante diz respeito ao Burnout, onde o Brasil é o segundo da lista segunda a ISMA-BR International Stress Management Association e fora isso somos o país com maior índice de ansiedade e o quinto no ranking de depressão.

Creio que fica bem claro que com esta situação existe um desperdício do potencial humano nas organizações. O mal aproveitamento de talentos é maior do que a escassez de talentos.

Não podemos demandar inovação, produtividade, sentimento de dono de uma população amplamente desengajada.

É importante deixar claro que felicidade e bem-estar no trabalho é uma responsabilidade compartilhada

Existe uma responsabilidade individual que começa pela conscientização, autoconhecimento e autocuidado. Para começar você pode responder perguntas como: Quem sou, quem quero ser? Quais meus pontos fortes? Onde quero gerar mais valor? Qual a qualidade de vida que almejo?

Existe um papel dos líderes em fomentar o que existe de melhor nos outros e acolher as pessoas.  Ainda existe um resquício da era industrial em tentar encaixar as pessoas em caixinhas, sendo que hoje o trabalho é mais fluído e colaborativo.

Se você é líder concentre-se em de fato conhecer o seu time. Pergunte: Quais seus pontos fortes? Quais seus sonhos, hobbies? Como querem contribuir com os desafios da empresa?

E, finalmente, as empresas devem tratar o tema como central nos modelos de gestão e de negócios. Não colocar as pessoas no centro da estratégia aumenta a probabilidade de ela não acontecer ou estar equivocada.

Um estudo feito pelo MIT SLOAN indica que de 50% a 90% das estratégias desenhadas pelos líderes não funcionam. O modelo top-down de comando e controle já não responde à velocidade do mercado.

Se vamos trabalhar cada vez mais em rede, em um cenário externo complexo, esse ambiente de confiança e bem-estar contribui para a resiliência e sucesso sustentável da organização.

A transparência e a preocupação genuína com as pessoas contribuem para que elas se sintam à vontade para trazer suas ideias à mesa, propor novos processos, produtos e colaborar melhor.

Sobre o Autor – Miguel Nisembaum

Apaixonado pela Psicologia Positiva e convencido que existe uma forma mais sustentável de fazer negócios e gestão nas empresas.

Consultor em desenvolvimento de pessoas e sócio da Mapa de Talentos.