E OS FELIZES, ELES MORREM?
Em plena pandemia, no recolhimento com o tempo e a profundidade, mergulhei em mim mesma e, fui às sombras e as iluminei e descobri, enfim, o significado.
Hoje é meu aniversário e desde a tenra madrugada, mais uma vez refletia sobre minha vinda ao mundo e o significado dessa vinda. Desde muito pequenina, olhava a minha volta sempre curiosa com o que acontecia além do que meus olhos viam naquela pequenina cidade. Via o trem passar quase rente a minha janela e ia com ele imaginando outros mundos, outras realidades e, especialmente, outras vidas. Como seriam elas, como pensavam, como era suas casas e seus relacionamentos…
Essa curiosidade me fazia mergulhar nas fotonovelas, nos livros de amor e nos livros de história. E lá ia eu crescendo em tamanho e em asas. Queria voar. Não cabia no meu corpo, na minha casa, na minha escola, nem na minha cidade e, voei.
Era feliz? Não sei. Era curiosa? Com certeza. Mas não aventureira e por isso a curiosidade precisava do tempero do tempo para ser agregada e ir adiante. Fui devagar, mas fui… sem parar.
Encontrei o grande amor da minha vida, aprendi a duras penas a ser mãe já que era mais escritora, leitora, critica, indignada que maternal. Fui ressignificando minha história e encontrando seu verdadeiro propósito.
Maturidade, idade, verdade. Ainda havia um lugar, aquele que desde a infância morava em mim. Qual era o sentido da vida? O que esperavam de mim? O que EU esperava de mim?
Incrível perceber que tudo a minha volta fazia sentido, combinava comigo, era visível e transparente, mas que ainda no buraco vazio do peito dizia de uma sombra irreconhecível.
Foi aÍ que uma nova porta se abriu. Havia uma ciência em expansão e ela estudava a Felicidade e o Bem-Estar. Felicidade, Eternidade, Idade.
E, ACONTECEU. Em plena pandemia, no recolhimento com o tempo e a profundidade, mergulhei em mim mesma e, fui às sombras e as iluminei e descobri, enfim, o significado. Os felizes não morrem!
E não morrem porque descobriram em si a energia vital que os conecta com o todo e isso nada tem a ver com o corpo finito, mas sim com o espírito infinito
A revolução aconteceu, a impermanência, a vicissitude, a abertura sem limites a tranquilidade do verdadeiro encontro.
E, cheguei ao hoje, entendendo aos 71 anos que a morte não existe para os felizes!
Janice Salomão de Andrade
Diretora de Projetos Sociais do IMF