Felicidade: Uma ciência de escolhas, experiências e coletividades

Texto de Ricardo Santos, associado IBE

Foto: Unsplash

Desde que a FELICIDADE assumiu o status de “Ciência” várias são as teorias que tentam explicar com precisão este verbete. Diversos desafios teóricos se configuram ao se submeter a FELICIDADE ao rigor da Metodologia Científica que procura sempre estabelecer padrões e convenções para imprimir o “selo” de legítima ciência.  Em linhas gerais, ser ciência significa configurar-se como “algo” de extrema relevância, que possa ser objetivamente definido, desmembrado em várias teorias e sistematizado pelas convenções coletivas universais para ser aplicado a qualquer tempo e lugar.

Neste desafio de definir quais seriam as melhores abordagens para se entender a FELICIDADE, destacamos um ponto que nos aguça o pensamento: seria a FELICIDADE uma escolha individual e, portanto, subjetiva ou seria ela uma construção coletiva, fruto das experiencias, convenções e desejos circunscritos em um determinado tempo, espaço e sociedade?

Os defensores da primeira hipótese, argumentam que, sendo a FELICIDADE uma escolha, baseada em nossas convicções e atitudes cotidianas, a interferência do ambiente seria mínima e a opção pela FELICIDADE seria liderada por uma atitude mental positiva e particular que justificaria uma definição mais individualista do termo. Contudo, mesmo sendo a FELICIDADE algo de âmbito pessoal, e, portanto, subjetivo, os gatilhos que levam os indivíduos a tomarem certas decisões seriam objetivos e, por isso gerenciáveis, tornando assim, os motivadores das escolhas, objetos desta ciência. As escolhas estritamente subjetivas podem ser ancoradas por dados e informações devidamente sistematizados e capazes de serem gerenciados o que daria maior precisão e melhores resultados em nossas escolhas. Neste ponto de vista, a FELICIDADE seria fruto de uma firme decisão pessoal que, ao analisar os dados disponíveis do entorno, fizeram a melhor escolha independentemente do contexto, das pessoas ao redor, da temperatura, ou de qualquer outro aspecto ambiental que interfira em sua decisão.

Em paralelo, a esta análise, devemos considerar que o ser humano não é absoluto em si mesmo. Desde seus primórdios ele vive em sociedade, constitui família, grupos de afinidades e, estas características o colocam dentro de um contexto coletivo que interferirá sobremaneira mesmo nas suas opções individuais mais intimas. É fácil perceber que, um pai de família, mesmo tendo um dia difícil, quando chega em casa e recebe boas notícias de seus filhos se aproxima da FELICIDADE, mesmo estando, a priori, entristecido ou desanimado. Da mesma forma que, é praticamente impossível que um dos membros de um casal desfrute da opção pela FELICIDADE sem que isso interfira ou seja impactado pela relação com o cônjuge. Portanto, é possível argumentar que a FELICIDADE seria uma construção desenhada coletivamente, que levaria em conta não só as decisões individuais, mas também as variáveis ambientais que interferem na tomada de decisão, principalmente se esta interferência vier de grupos mais próximos ou de variáveis mais amplas que causa impacto em toda uma sociedade não só em cada indivíduo.

Particularmente acreditamos que ambas as visões acima não são excludentes e nem mesmo conflitantes. Entendemos que, a partir de uma decisão firme e definitiva realizada individualmente em favor da FELICIDADE é que o indivíduo reunirá energia e propósito para buscar a construção de uma FELICIDADE mais coletiva, uma experiencia que envolva a si mesmo, a família, os grupos mais próximos e, quem sabe toda uma sociedade.  A FELICIDADE seria construída, portanto, a partir de decisões pessoais que nos levariam a ter atitudes favoráveis ao bem coletivo contribuindo para que os demais indivíduos possam também tomar decisões individuais e construir as próprias experiencias pessoais alicerçadas na FELICIDADE. Desta forma, atingindo uma amostragem mais consistente e expandindo o objeto de estudo do individual para o coletivo, é que acreditamos na FELICIDADE como verdadeiramente um instrumento de transformação do mundo objeto de estudo de toda CIÊNCIA.

Fonte: https://movimentopelafelicidade.com.br/felicidade-uma-ciencia-de-escolhas-experiencias-e-coletividades-blog