Como o mundo interior define nossa realidade
Entrevista com Ken O’Donnell, Coordenador da Brahma KUMARIS NA AMÉRICA LATINA.
“Viagem da Alma: Uma jornada de autoconhecimento para encontrar o seu bem-estar interior” será tema de retiro ministrado por Ken O’Donnell, coordenador da Brahma Kumaris na América Latina.
ANA ELIZABETH DINIZ ESPECIAL PARA O TEMPO
Qual será a abordagem do retiro “Viagem da Alma”? Basicamente, falarei sobre os dois mundos – o interno e o externo – e como equilibrar os dois. Quando olhamos para fora, vemos o caos e a confusão. Vemos níveis crescentes de complexidade e imprevisibilidade. Tudo isso é apenas o reflexo coletivo do que acontece dentro de cada indivíduo. Nesse nível, a realidade que me rodeia como um indivíduo é grandemente criada e mantida dentro da minha própria cabeça. Isto não significa que nós criamos os outros atores no nosso jogo ou as formas físicas em volta. Significa que nós criamos nossa própria experiência de tudo. Essa experiência não existe em outro lugar exceto dentro de nossas próprias mentes e de nossa percepção. Portanto, se eu quiser mudar alguma coisa no mundo exterior, eu tenho que mudar a atitude ou a percepção que a sustenta. Quando torno meu mundo interior mais calmo e consciente, crio um efeito imediato sobre o mundo do qual participo. Na verdade, não existem dois mundos. Há apenas uma experiência com um lado externo e outro lado interno. No retiro faremos experiências e dinâmicas que ressaltam isso.
Como serenar nossa mente em meio ao turbilhão incessante de acontecimentos desagradáveis, tristes, aviltantes em todo o mundo? As muitas crises que nos rodeiam podem nos motivar a fazer as mudanças que precisamos para tornar este mundo um lugar melhor. O problema é que queremos mudanças, mas poucos querem mudar sua maneira de ser. Não podemos nem imaginar um mundo melhor com as mesmas pessoas pensando do mesmo jeito. Se eu mudar meu modo de pensar, vou mudar também o modo de falar e de agir. Começarei, então, a produzir resultados diferentes em meus relacionamentos pessoais, nas questões materiais, dinheiro e recursos naturais. O tipo de egoísmo que gera desigualdades é uma das primeiras coisas que mudam, quando consigo desenvolver um senso maior de estabilidade e segurança interna. Enquanto as pessoas permanecerem instáveis e inseguras, elas se apegam ao que têm e não pensam no todo. Elas só pensam em suas próprias necessidades. Uma das regras de ouro para alcançar tal estado é entender que, por trás de nossas diferentes faces, raças, culturas, tradições religiosas, gêneros, idades e status social, somos muito parecidos. Somos todos seres espirituais passando por uma experiência humana. Todos nós queremos ser felizes, se possível. Todos precisamos de amor. Eu só posso me tornar um instrumento de tal mudança se eu ver isso em mim mesmo e nos outros.
O bem-estar interior é uma construção diária? Trabalhar e viver de dentro para fora com o melhor que há em mim e processar tudo que vem de fora de maneira equilibrada é um empenho constante. É uma ficção pensar que podemos separar nossas vidas internas de nossas vidas no mundo. Somos indivíduos. Eu sou o mesmo no trabalho, em casa, na rua ou até mesmo quando voto. A capacidade de me administrar em todas essas situações é a mesma. Eu tenho que saber quem eu sou, quais são minhas verdadeiras habilidades e qualidades e trazê-las para a prática. Não sou um macaco pulando nos galhos da árvore, às vezes no ramo da família, às vezes no ramo do meu trabalho. Sou apenas um. Quando minha família está na minha frente, posso lidar com as coisas que surgem. Quando o trabalho está na minha frente, também posso lidar com as situações. A clareza que isso traz me ajuda tanto em casa como no trabalho. Eu tenho que me treinar de forma constante para entender qualquer contexto. Se eu vejo mais, posso entender mais e tomar melhores decisões.
Como podemos saber que estamos evoluindo espiritualmente? A evolução significa basicamente desenvolvimento. O desenvolvimento espiritual depende de termos a consciência correta sobre nós mesmos e o mundo ao redor. Isso implica que estamos conscientemente trabalhando em nós mesmos. Em outras palavras, a evolução espiritual não é algo que acontece automaticamente. Tem que ser fruto de algum empenho. Então a questão é: qual é o empenho que eu preciso fazer? Primeiro, tenho que me entender como um ser espiritual inserido em um contexto físico no qual papéis, relacionamentos e responsabilidades fazem parte. Se eu me vejo basicamente como um ser pacífico e amoroso, isso já me informa como devo interagir com outros indivíduos e objetos físicos. Se eu estiver crescendo dessa maneira, perceberei que meus relacionamentos se tornam mais harmoniosos e posso facilmente obter a cooperação dos outros sem exigi-la.
É verdade que podemos crescer na adversidade? Os obstáculos existem porque estamos tentando ir de um lugar ou estado para outro. Se não houver obstáculos, provavelmente é porque não vou a lugar nenhum. Desta forma, os obstáculos são pequenos ou grandes exames de minhas virtudes e meus poderes. Eles não estão ali deliberadamente para me derrotar. Então, da próxima vez que você se deparar com a dificuldade, use o conhecimento espiritual que você tem para se tornar objetivo e simplesmente descreva-a para si mesmo como se fosse um repórter e pense sobre qual é o melhor sentimento que você poderia ter em relação à situação e seja o que você precisa ser com base na lição que tirou dela.
AGENDA: O retiro “Viagem da Alma” com Ken O’Donnell acontecerá nos dias 1º, 2 e 3 de julho. Informações e inscrições: www.sympla.com.br/a-jornada-da-al ma__1537582 ou pelos telefones: (31) 98461-0730 e (31) 98449-6385 (WhatsApp).