Celebrando a Felicidade

As emoções positivas de confiança e esperança, por exemplo são mais úteis para nós não quando a vida é fácil, mas sim quando é difícil.

“Felicidade não se relaciona apenas à satisfação dos desejos e necessidades do corpo. O homem não é só corpo, mas, principalmente alma”
Sócrates 469 a.C – 399 a. C

É possível afirmar que nos últimos anos, temos convivido com o fenômeno da psicologia positiva, que tem se debruçado em estudar e investigar além destas, as características da felicidade.

Segundo Seligman, autor do livro Felicidade Autêntica, a psicologia positiva tem três pilares: o primeiro é o estudo das emoções positivas; o segundo é o estudo dos traços positivos principalmente forças e virtudes, mas também as “capacidades”, como inteligência e as aptidões físicas; o terceiro é o estudo das instituições positivas, como a família. Ainda, as emoções positivas de confiança e esperança, por exemplo são mais úteis para nós não quando a vida é fácil, mas sim quando é difícil.

E o que é a felicidade?

A felicidade é fenômeno subjetivo, que faz parte de uma jornada, uma construção, que é preenchida com emoções positivas e emoções negativas.

Pesquisadores definem a felicidade como uma emoção básica caracterizada por um estado emocional positivo, com sentimentos de bem-estar e de prazer, associados à percepção de sucesso e à compreensão coerente e lúcida do mundo[1]. A felicidade é um valor tão importante e precioso, que diversos estudiosos se debruçam para desvendar este sentimento.

A filosofia da felicidade

Aristóteles, reforça que homens e mulheres querem a felicidade. Mas, enquanto ela é buscada com um fim em si, qualquer outra meta – saúde, beleza, dinheiro, poder – é valorizada apenas porque esperamos que nos faça felizes.

Esta definição diverge com os arquétipos definidos por Sócrates, por exemplo. Pela filosofia socrática durante muitos anos, acreditava-se que a felicidade (ou a busca dela) dependia dos desígnios dos mais diversos deuses.

Mesmo assim, o conceito trazido por Aristóteles, não se perdeu ao longo dos séculos, ao contrário, segundo alguns pensadores, nossa percepção de felicidade é a mesma do filósofo, pois muitos firmam sua felicidade no “ser” em vez de “ter”.

Porém, nos tempos atuais o anseio humano em buscar a felicidade em todas as dimensões, na verdade torna-o cada vez mais infeliz e insatisfeito, querendo sempre mais do que podem ter.

Por isso a afirmação de Cloninger (2004) é tão importante. Segundo ele, “felicidade” traduz a compreensão coerente e lúcida do mundo; ou seja: a felicidade autêntica requer uma maneira coerente de viver.

A felicidade percebida no trabalho e nas relações sociais

Uma parte significativa da população economicamente ativa, passa grande parte da vida trabalhando e interagindo nas relações sociais e por isso é importante tornar estas relações mais prazerosas e leves, o que permite potencializar as emoções positivas.

Embora pareça um jargão, para que ninguém se iluda, a vida está recheada de adversidades nos mais diversos temas, e por vezes as emoções negativas podem sobrepor a emoções positivas. Saber lidar e conduzir a vida e as emoções mesmo nas adversidades é crucial.

Não nos limitamos ou cessamos o tema da felicidade, tampouco, trazemos uma fórmula mágica para atingi-la, mas através de conceitos e pequenas porções de pesquisas e estudos já largamente difundidos, trazemos reflexões saudáveis, para que possamos encontrar o equilíbrio e felicidade em todas as emoções, sejam elas positivas ou negativas.

Os novos modelos de negócios exigem de nós, líderes, gestores e colaboradores, uma resiliência maior. Tratar as perspectivas da felicidade no trabalho e na satisfação pessoal, é extremamente relevante nos tempos atuais.

Buscar a felicidade e a satisfação no trabalho, é um sentimento genuíno que todos nós, profissionais devemos nos empenhar em alcançar. Sabemos, portanto, que a felicidade é um elemento subjetivo, ligada às emoções, positivas ou não, da sua jornada. Porém, há uma pergunta que talvez só você mesmo consiga responder: “Como você quer ser feliz”?

Celebrando a Felicidade no Brasil e no mundo

No Brasil, o tema de felicidade, anteriormente inexplorado, ganhou força nos últimos anos em decorrência da pandemia da COVID-19. Assuntos sobre saúde e bem-estar físico, emocional e mental tomaram conta das agendas dos executivos, sem se falar nas pautas de ESG, que na esteira deste processo, também trouxe a questão da felicidade como um tema urgente a se tratar.

O tema se demostra tão relevante, que organizações introduziram a felicidade em suas agendas institucionais e até países, como os EUA, que a introduziram na sua Declaração de Independência, tornando a felicidade um direito reconhecido de todos os homens.

Para ampliarmos o conceito, muito além da vertical de felicidade no trabalho, não se pode ignorar o grande percussor, responsável por tratar este tema sobre a felicidade, como uma premissa para o desenvolvimento de uma nação.

O Butão, introduziu o tema em 1972 pelo seu quarto rei, Jigme Singye Wangchuck. A abordagem holística da FIB – Felicidade Interna Bruta trata com muita profundidade e seriedade o conceito, que vai além dos estudos de seus indicadores econômicos tradicionais, avaliando o bem-estar com base no desenvolvimento socioeconômico sustentável e equitativo; a conservação ambiental; a preservação e promoção da cultura; e a boa governança.

A própria Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) na sua resolução 66/281 de 12 de julho de 2012 proclamou 20 de março o Dia Internacional da Felicidade, reconhecendo a relevância da felicidade e do bem-estar como objetivos e aspirações universais na vida dos seres humanos em todo o mundo e a importância de seu reconhecimento nos objetivos de política pública.[2]

Medir resultados econômicos é algo tangível e com as métricas corretas se torna um processo mais fácil. Por outro lado, medir a felicidade não é algo tão simples, é um processo complexo e extremamente desafiador.

Por isso, celebrar a felicidade é algo premente! Afinal, cada um à sua maneira, todos nós estamos em busca da felicidade.

Glades Chueryé Administradora, Contadora, Teóloga e aluna especial do Mestrado de Economia da UNIFESP. Especialista em gamificação pela FMU-SP. É também Associada do Instituto Movimento pela Felicidade